sexta-feira, julho 22, 2005

Justiça seja feita

Saiu no Clicrbs:

Críticas a banda preocupam músicos Entidades ligadas à infância dizem que composição faz apologia à exploração sexual

Eu estou cantando pra minha menina/ Pra ver se eu convenço ela a entrar na minha/ Teu sangue é igual ao meu/ Teu nome fui eu quem deu/ Te conheço desde que nasceu/ E por que não? Os versos acima da música E por que não, que provocaram a ira de entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente no Rio Grande do Sul e mobilizaram o Ministério Público, causaram preocupação extra entre músicos: garantir a liberdade de expressão artística.

A composição, intitulada E por que não?, tem letra de Carlos Carneiro, vocalista da banda gaúcha Bidê ou Balde, e integra o álbum Acústico MTV Bandas Gaúchas. Entidades de defesa dos direitos da criança protestaram contra a mensagem da letra, na qual viram incitação à violência sexual, banalização do incesto e do desejo sexual de adultos por crianças.

Entre as instituições inconformadas com a música estão o Movimento pelo Fim da Violência Sexual e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente. A pedido das entidades, o promotor Miguel Velasquez, do Ministério Público, convocou os músicos da banda para uma reunião, às 14h de hoje, na qual se discutirá a letra.

Ontem, músicos consultados por ZH pediram cautela. Celso Loureiro Chaves, professor de música da UFRGS, entende que é preciso encontrar um ponto de mediação entre a expressão artística e a defesa dos direitos da criança.

- O que vejo é uma manifestação de censura inadmissível. Essas entidades estão no seu direito e dever, mas é preciso mediar os direitos à livre expressão artística e à proteção da infância e da adolescência.

Representante da Sociedade Brasileira dos Autores e Compositores no Estado, Fedia Dopke também pede cuidado, mas entende que o conteúdo dos versos, por dúbio, é preocupante:

- Cada um tem sua análise e é preciso ter cuidado, mas não podemos aceitar que tantos exemplos negativos sejam jogados ao alcance de crianças e adolescentes.

Na quarta-feira, o vocalista da Bidê ou Balde e autor da música, Carlos Carneiro, contestou as reclamações e disse que os versos são palavras de amor.

- A gente nem se encontrou ainda para conversar sobre o assunto, e as entidades já estão na mídia falando sobre isso. Isso mostra que o pensamento é mais vil do que eu pensava. Filmes como Assassino por natureza (de Oliver Stone) são uma obra de arte e nem por isso incitam o genocídio. Na música, é a mesma coisa, as letras são arte - disse Carneiro, que ontem preferiu não comentar o assunto porque seu pai está hospitalizado.

A própria banda já teria discutido o conteúdo da canção. Co-autor da música, Rossatto, ex-guitarrista da Banda Bidê ou Balde, disse que, quando da gravação do primeiro álbum, a banda entrou em consenso para acrescentar dois "não" aos versos, atenuando o conteúdo que poderia ser interpretado como incestuoso. Assim os versos Teu sangue é igual ao meu/ Teu nome foi eu quem deu ficaram Teu sangue não é igual ao meu/ Teu nome não fui eu quem deu

- Foi uma idéia minha, para gravar o CD, em 2000 - afirmou.

Eu nunca tinha prestado tanta atenção na letra dessa música até ouvir a versão original no acústico da Mtv. Na verdade quem me salientou o fato foi o Rafael e somente naquele ponto fui atentar para o conteúdo pedófilo e incestuoso da música.

E, convenhamos, é sick.

Sick a beça.

E outra, esse papo de se defender usando o Lolita do Nabokov ou Natural Born Killers do Stone é forçado. No caso da Bidê ou Balde o uso da primeira pessoa do singular (eu) agrava, e muito, a acusação.
Está certo que é arte, mas que a banda fique com a segunda versão, para não gerar mais indignação. Eu acho.